Os dias mais quentes e úmidos anunciam o fim do inverno e, também, indicam alerta para doenças comuns nas estações mais quentes do ano. As infecções de ouvido, por exemplo, chamadas otites, podem ser classificadas em vários tipos, que apresentam causas e sintomas diferentes. Segundo Vanessa Mazanek Santos, otorrinolaringologista do Hospital IPO, as otites externas são mais frequentes nas estações mais quentes, como a primavera, que se inicia no próximo dia 23.
“É a infecção da porção mais externa do ouvido, chamada conduto auditivo, na região entre a entrada da orelha até o tímpano”, explica. Os sintomas são variados e podem incluir dor, sensação de ouvido tampado e úmido, dor ao mexer na parte externa da orelha e, até mesmo, secreção nos ouvidos, de acordo com a especialista.
“As otites externas decorrem de falhas na integridade da pele do conduto auditivo, que servem de porta de entrada para infecções, e também de alterações do pH do ouvido”, detalha. O excesso de umidade causado pelo contato com água em piscinas ou, até mesmo, pelo suor é um ponto que pode diminuir as proteções naturais do ouvido e desencadear um ambiente propício para o desenvolvimento de um quadro infeccioso.
De acordo com a médica, a melhor forma de prevenir a otite externa é lembrar que o ouvido é uma cavidade autolimpante, que não deve ser manipulada por qualquer um que não seja o otorrinolaringologista. Métodos caseiros e alternativos como a colocação de substâncias dentro do ouvido e a manipulação com instrumentos como cotonetes e grampos devem ser evitados, pois são considerados fatores de risco.
Por mais que os sintomas sejam incômodos, o agravamento de quadros de otites externas é pouco frequente. “As complicações são raras e mais frequentes em pacientes diabéticos e imunossuprimidos. Por isso, é importante estabelecer o correto tratamento tão logo seja possível”, indica Santos.
Diferentes tipos de otite
Enquanto no verão e nos meses mais quentes a incidência de otites externas é maior, nos meses mais frios do ano os quadros de otite média aguda são vistos com mais frequência. “As otites médias são as infecções da porção atrás da membrana timpânica, uma região que se conecta com a via aérea por uma estrutura chamada tuba auditiva e, por isso, é comum que as otites médias se sigam a quadros de infecção respiratória.”, comenta.
O mesmo acontece com quadros alérgicos, muito comuns no início da primavera, que podem ser seguidos de dores com início súbito e piora ao engolir, sensação de ouvido tampado, febre, irritabilidade e recusa alimentar nas crianças, sintomas que indicam a otite média aguda. “Embora possa ocorrer em qualquer idade, é muito mais comum nas crianças menores de quatro anos e, tanto nos adultos quanto nas crianças, causa muita dor”, adiciona.
Diferentemente da infecção da parte externa do ouvido, a otite média pode evoluir para casos mais graves como mastoidites ou meningites, por exemplo. Em todos os casos, a consulta com um especialista é indispensável para cessar o incômodo e seguir com as medidas mais adequadas. “O tratamento pode envolver a necessidade de antibióticos, ainda que nem sempre isso seja necessário. Vale lembrar também que esse tipo de infecção não responde ao uso de antibiótico tópico. Portanto, as gotinhas de ouvido não estão recomendadas”, pontua a médica.
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